Luciano Huck

Luciano Grostein Huck

¤ 03/09/1971 –  † 08/03/2010
Apresentador engajado

Epitáfio: “Quando uma bola de bilhar choca-se a outra,
a segunda ‘deve’ mover-se“ (David Hume)

O infame Luciano Huck é testemunho de que o ‘marquetim’ brasileiro, hoje controlado por uma meia dúzia de múmias paralizadas, continua girando em torno dos  ‘baratos’ e ‘viagens’ psicotrópicas dos quais essas mesmas múmias, já irremediavelmente afetadas pelas drogas, pela ganância ou pela vaidade, ainda não retornaram.

Por conta desta inépcia do público e da malandragem dos que decidem os rumos do país como em rinhas de galo, o incrível Huck (não confundir com o super herói Hulk) conseguiu perpetrar o cabuloso feito de, em menos de uma década, partir da imagem de cafetão até alcançar o detestável direito de posar como zeloso pai de ‘família margarina’ na Revista Caras.

Algo está muito errado. Aceitar Huck como padrão de credibilidade, vendendo serviços de telefônicas, bancos, escolas e um rol inumerável de outras quinquilharias, é assumir nossa deterioração moral e nossa insana tendência ao auto-flagelo.

O virtual sucessor de Fausto Silva nunca foi capaz de prover, às periferias deste chão, um conteúdo mais digno do que as bundas das famigeradas e insepultas madalenas arrependidas, Joana Prado e Suzana Alves, a Feiticeira e a Tiazinha, nesta ordem. Ok, as donas aí não eram de se jogar fora, mas é um ultraje que o ‘doutor’ (advogado formado pela USP) Luciano agora queira botar banca de bom rapaz, como se nada tivesse acontecido, só para ser o queridinho das agências de publicidade.

Pudera! Os mesmos que o aclamam como vendedor do ano são aqueles que em anos anteriores laurearam a indeglutível Ivete Sangalo, que aliás, foi namorada do apresentador nos bons tempos em que ambos eram apenas sombras rasteiras perto da escuridão ideológica que hoje representam. E todo mundo sabe (ou deveria saber) que o mundo da publicidade é assim mesmo: alimenta e alimenta-se dessas figuras de credibilidade forjada na distribuição de esmolas assistenciais em programas de auditório, para mencionar apenas um dos truques.

Bancar o assistencialista camarada não o poupou de sentir na pele o quanto o bicho está pegando nas esquinas do ‘ai-ai-meu-jesus’ quando teve um Rolex devidamente roubado. O que restava da máscara caiu por sua evocação, à época, via internet, de um herói exterminador nos moldes do Capitão Nascimento e que, de acordo com suas lamúrias, poderia contribuir para um mundo melhor onde, todos o que pudessem, desfilassem tranquilos em suas Pajeros e Frontiers (cansei de Hilux!).

Luciano destilou, no ribombar de sua declaração, o mais característico dos preconceitos engendrados nas mentes de gente abastada como ele, que só acredita numa ‘solução final’ para as periferias do Brasil: uma providencial morte em ‘confronto’ com a polícia. Também deixou evidente que de acordo com a sua lógica e a do sistema ao qual serve, só vale à pena sentir o cheiro do povo quando existe a possibilidade de amealhar alguma empatia ou influência.

Huck é prova cabal de que, enquanto telespectadores, todos temos de aprender a questionar e a rejeitar esses disparates que os ‘gênios’ de mídia, nos subestimando aberta e frontalmente, insistem em empurrar por nossas goelas abaixo.

Precisamos aprender a recusar esmolas. Precisamos TOMAR posse do rumo de nossas vidas, JÁ! E tudo pode começar com o controle remoto.

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