Luana Piovani

Luana Elídia Afonso Piovani

¤ 29/08/1976 – † 17/11/2011
Atriz quebra-barraco

Epitáfio: “Eu sou você amanhã” (máxima do “Efeito Orloff”)

O mundo da moda sempre supera a própria capacidade de incorporar ao inconsciente coletivo – a reboque das necessárias transformações culturais e comportamentais que lhe são, afinal e de fato, inerentes – conceitos e personas cujas irrelevâncias deveriam permanecer submersas em seus meandros.

Como produto direto da matéria escura dessa indústria trituradora de personalidades, La Piovani beneficiou-se do expediente nefasto que é o tráfico de modelos superestimadas para a televisão e fez uma tranqüila travessia para esse ambiente muito mais propício a propagação de sua irascibilidade.

Aproveitando o bom momento que apenas um contexto de franco retrocesso civilizatório pode oferecer, lançou mão de uma sequência de decisões equivocadas que culminaram no seu relacionamento chave-de-cadeia com aquele que para sempre se fará contabilizar como mais uma nódoa em seu currículo, o eticamente mutilado Dado Dolabella.

Este capítulo, aliás, da desdourada biografia de Luana deixa evidente que se lhe faltavam predicados para sustentar uma carreira de atriz, mesmo que na zona fronteiriça da dignidade artística, sobrava-lhe disposição para inundar todos os canais de mídia disponíveis com revides aos seus críticos numa tentativa inútil de eclipsar o sol de suas limitações.

Educada no bom lar de uma doutora advogada e – talvez por isso mesmo – sempre a espreita de oportunidades para testar e alardear a força de sua blindagem judicial, não hesita em impor aos desafetos as jurisprudências que somente aqueles que decidem viver na desolação muito além dos horizontes da razoabilidade poderiam dominar.

Em contradição a esta postura justiceiresca trafegou livre no conduto simbolizado pelos temores de seus inimigos disseminando os fundamentos de sua filosofia do ressentimento e da piriguetagem pós-balzaquiana.

Reconhecidamente uma pioneira da fulanização do Twitter, Piovani então (e por isso) estabeleceu uma “proximidade” entre si e aqueles sobre os quais não se poderia conceber maiores expectativas ao desperdiçar – sistematicamente – todas as grandes oportunidades de manter a boca fechada que lhe surgiram.

A questão é que todo esse seu apelo a um público que apenas ela acredita ter, expôs suas facetas, seus segredos e melindres ao crivo da opinião pública até se esgotarem definitivamente todas as novidades e esperanças sobre si, se é que antes existiam.

Por nunca ter conseguido descolar-se totalmente dessa imagem de mina zica de vila, agravou a própria condição de estrela anã morta, tornando-se ainda mais estéril, ressequida e merecidamente invisível do ponto de vista artístico.

Pereceu, por fim, sufocada com os próprios enganos e devaneios, aprisionada na vertiginosa altura da torre de suas vaidades.

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