Sônia Abrão

¤ 20/06/1958 –  † 24/02/2010
Colunista marrom

Epitáfio: “Tua carcaça apodrecida é o maná que me sustenta na
desolação de minha existência ” (Máxima dos abutres eletrônicos)

É sabido que Madame Abrão já rastejou pelos corredores de grandes canais da mídia escrita e eletrônica da colônia. Também é de conhecimento que ao longo de sua subterrânea carreira esteve a serviço dos mais variados interesses daqueles que lucraram e ainda faturam tubos com a incapacidade genuinamente brasileira de indignar-se.

O que a maioria dos críticos da Maga Patalogika da televisão não sabe, ou não se lembra, é que fundamenta-se o método pelo qual se fez notar. Em sua passagem pelo extinto jornal Notícias Populares, que circulou em São Paulo até fins dos anos 90 e notório por suas sangrentas manchetes, adquiriu o gosto pelo exercício da exploração do infortúnio alheio. Portanto é de se entender seu apetite abutrino por menus formados de tudo o que está podre, em decomposição, nos lixões da mídia, independentemente do meio.

Para quem está disposto a qualquer coisa para manter seu status quo, Sônia Abrão passa a receita em cada projeto no qual se envolve, seja em revistas, rádio, televisão e agora até em livros. Reuna numa só pauta tudo o que de pior existe nos sentimentos humanos, junte-se a isso dois ou três pseudo-repórteres em início ou fim de carreira, mais algumas entrevistas vexaminosas com celebridades decadentes e voilà: sai do forno um novo programinha com traço de audiência.

E o mundo perfeito seria aquele onde todo dia uma celebridade, por insignificante que fosse, se acidentasse, adoecesse ou  morresse de forma que ela, juntamente com seus convidados de bancada, pudesse promover intermináveis homenagens aos defuntos. Tudo devidamente intercalado pelos famigerados merchandisings muito característicos dos conteúdos de baixa qualidade.

Pessoalmente grita-me aos olhos a sua disposição em resgatar a imagem do irrecuperável Rafael Ilha, já sepultado anteriormente aqui no CC*, demonstrando que a sua sede pelo chorume não respeita nem aqueles aos quais alardeia terem sua amizade. Se não respeita os delicados (e às vezes bizarros) momentos dos amigos, como se espera que trate os inimigos? Bem, a resposta está por aí, nos bate-bocas que vira-e-mexe tem travado publicamente com outras figuras do meio televisivo da ‘altitude’ de ‘Zé’ Luiz Datena, Susana Vieira, Geraldo Luís…

Abrão já há muito e diversas vezes queimara a linha da ética e da moral quando, em 2008, interferiu equivocadamente no trágico caso de sequestro e assassinato da adolescente Eloá Pimentel, movida não se sabe se por vaidade, senilidade ou mero desejo de obter alguns pontos de audiência.

Não obstante o fato de NÃO ser o único exemplo de conduta irresponsável limítrofe à criminosa (vide material relacionado abaixo), representa o exemplo máximo de como um meio de comunicação pode afetar desastrosamente a vida das pessoas.

Bem, Sônia, chegou a hora de baixar seu caixão.

Os abutres não chorarão.

Material relacionado:
Sônia Abrão entrevista Lindemberg (Youtube)
Hickmann pede para Lindemberg acenar (Youtube)