Ângela Bismarchi

Ângela Filgueira dos Santos

¤ 05/11/1972 –  † 10/05/2010
Virgem recondicionada

Epitáfio: “Eu, que só faço cirurgias bonitas, bem sucedidas,
nunca faria uma operação para me deformar“
(a própria, em entrevista ao portal eBand em Jan/2010)

Não é fácil, não é fácil… E agora virei vidraça da turminha deslumbrada que adora tropeçar num arremedo de celebridade no restaurante, no avião ou no hotel pra se descabelar em pedidos de autógrafos e fotografias no celular ‘MP-tudo’.

E por que será que quase todos os blogueiros que escrevem fan-sites têm exatamente o mesmo perfil emo ou nerd afetado de quem se espelha em suas atrizes de novela favoritas? Caro leitor, o submundo das celebridades tem suas peculiaridades enojantes, mas o submundo dos fãs é um universo paralelo no qual a náusea é o estado natural.

Bem, mas falando em náusea, submundos e universos paralelos, vamos nos debruçar sobre o esquife de Ângela ‘botOX’ Bismarchi, esta carioca cuja vida foi um olímpico e eterno saltar de devaneio a devaneio na tentativa de escalar a torre da fama ignominiosa.

E mesmo sendo variados os seus devaneios, NENHUM supera o de declarar-se nascida em 1972 quando nem as quarenta e tantas cirurgias recauchutantes são suficientes para esconder evidências de que em suas contas, ao menos uma década se omite. Nem mesmo o de submeter-se ao polêmico procedimento de reconstrução do hímen para atender a um desejo do marido e outro de orientalização do formato dos olhos ‘para ficar parecendo japonesa’.

É verdade. Para quem tem o bisturi como fetiche a ponto de ter se casado com dois (já ouvi falar em quatro)  cirurgiões plásticos (o primeiro, Ox Bismarchi, faleceu em 2002 em circunstâncias misteriosas, o atual, Wagner Moraes, contrariando previsões, sobrevive apesar de tudo) intervenções como estas são tão corriqueiras quanto tomar um analgésico.

Visitar o site oficial da musa intelectual é uma viagem ao inferno de frases e conceitos que são pilares da composição de qualquer celebridade do quinto escalão. É desnecessário entrar no mérito do mau uso do idioma e das regras gramaticais ali empregadas, que aliás, fazem juz à categoria de famosos da qual Bismarchi é um expoente.

Sempre preliminarmente cotada para ocupar o lugar de destaque em desfiles de escola de samba, com a mesma frequência sofre a humilhação de ser preterida às vésperas do Carnaval, e em 2010, inovou ao atirar cocô no ventilador dos mesmos critérios que tantas vezes a colocaram saltitando no topo de um carro alegórico.

O projeto de lançar-se como cantora country quase põe em xeque a jurisdição de minha ‘licença para enterrar’ pelo limite ético que me impede de tripudiar sobre criaturas cujas faculdades encontrem-se atestada e severamente prejudicadas.

Como a condição desta senhora satisfaz apenas um quesito, realizo este sepultamento sem correr o risco de ter a validade de minhas ponderações, a seu respeito ou sobre outros, questionadas.

Parte Ângela, então, sem realizar seu maior sonho confidenciado em seu web site: o de ter seu próprio programa de televisão.

Em minha opinião, sempre revestida de humildade, parte sem sequer realizar coisa alguma de que se aproveite.

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